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"COVILHÃ, CIDADE FÁBRICA, CIDADE GRANJA"

VALES GLACIARIOS

           

 

Introdução
 
Únicos em Portugal, os vales Glaciares da Serra da Estrela são hoje a imagem viva de como a glaciação deixou impressionantes testemunhos.
 
A Rota dos Vales Glaciares permite a observação do local de origem glaciar – a cúpula do cima da montanha – dos vales desenhados pelas várias línguas de gelo e dos depósitos deixados por esta massa de gelo em movimento.
 
Vale Glaciar do Zêzere, Vale Glaciar de Alforfa, Vale Glaciar de Loriga, Vale Glaciar do Covão Grande, Vale Glaciar do Covão do Urso são os cinco percursos que o gelo traçou e que o Homem pode agora descobrir em perfeita comunhão com a natureza.
 
Há milhares de anos, a Glaciação na Serra da Estrela permitiu a existência de neves perpétuas (a partir de 1.650m) que se fundiam durante o ano ficando compactadas e dando origem ao gelo.
 
Assim, acabou por se formar uma cúpula de gelo no Planalto da Torre que teria uma superfície de cerca de 70 Km2 e uma espessura de 80m.
 
O progressivo aumento da temperatura – sempre negativa, nesta era de glaciação – originou a formação de línguas de gelo que escoavam para as altitudes mais baixas, moldando então os vales já existentes.
 
O Planalto Glaciar
 
Corresponde à área outrora ocupada apela cúpula de gelo, formando uma paisagem de rocha nua em que existem depressões ocupadas por lagos, charcos ou prados húmidos. Normalmente não existem arestas vivas já que as rochas foram afeiçoadas pelo gelo em movimento, contrastando com as áreas não afectadas pela calote glaciária, onde as arestas irregulares das rochas subsistiram. Imaginemos aqui a existência de uma calote de gelo com uma altura de 80m.
 
Os Vales Glaciares
 

Formam os cinco principais vales desenhados pelo gelo e que agora podemos percorrer. Correspondiam à força das línguas de gelo que escoavam radialmente desde a referida calote da Torre. A partir daqui, vamos seguir os mesmos caminhos que o glaciar percorreu ao longo da glaciação formando este cenário único em todo o Portugal.

 
O Vale Glaciário do Zêzere
 
 
Corresponde à língua glaciária de maior dimensão da Serra da estrela, atingindo os 13 Km de extensão.
            Pode ser facilmente observado o local em que o glaciar ultrapassava a zona actual vila de Manteigas, tendo-se dissolvido a cerca de 680 m de altitude. O enorme comprimento do vale glaciário, deve-se ao facto de ter sido alimentado pelas línguas da Nave de Santo António, Covão da Ametade, Candieira e Covões, progressivamente.
            A espessura da língua de gelo atingia na parte montante do vale cerca de 300 m, o que pode ser confirmado pela existência de moreias na Lagoa Seca. Na nave de Santo António existem também moreias laterais espectaculares. A jusante, na margem esquerda do Rio Zêzere, abaixo do vale da Candieira, encontram-se moreias mais baixas às quais se chama Espinhaço de Cão.
 
O Vale Glaciar de Loriga
 
 
Situado na vertente oeste, quase atingia o local actual da vila. Tendo início a 1750 m de altitude, perto do Planalto da Torre, apresenta uma série de quatro covões (alguns com aproveitamento hidroeléctrico) que descem abruptamente uma extensão de 7 Km.
            Na época do glaciar, o gelo progredia até à atitude máxima de 800 m que, posteriormente, removia todo o manto vegetal deixando a descoberto a superfície do granito sujeita a fracturação que é presente nos dias de hoje.
            A ribeira de Loriga é a linha de água herdade deste glaciar constituíndo um dos magníficos cenários da Serra da Estrela.
 
O Vale Glaciar do Covão Grande
 
 
Situado na vertente noroeste, e portanto melhor alimentado pelas quedas de neve, estendia-se a cerca de 5,5 Km em direcção à Lapa dos Dinheiros e apresentava uma espessura de gelo de, pelo menos, 150 m, dissolvendo-se a uma altitude de cerca de 1000 m.
            A sua posição elevada foi sujeita a uma erosão glaciária mais intensa e prolongada, sobreescavando a base do vale. Porém, as formas mais espectaculares de serem vistas são as acumulações morénicos da Nave Travessa, actualmente cobertas por vegetação, acumulações de blocos erráticos situados nas margens da Lagoa Comprida, antiga lagoa glaciária.
 
O Vale Glaciário do Covão do Urso
 
 
Situado na vertente noroeste, tinha origem no planalto da Torre, no local dos Conchos e dirigia-se até ao local da actual aldeia do Sabugueiro. Tinha cerca de 6,5 Km de comprimento mas dissolvia-se a uma altitude igual ou superior (1000 m).
            Bruscas rupturas de declive, observadas a jusante do Lagoacho e abruptos sucessivos, observados na Nave Descida parecem formar o cenário ideal para a maior moreia lateral da Serra da Estrela, correspondente à fase de maior extensão dos glaciares, prolongando-se por cerca de 3 Km no meio da vegetação que, por vezes, atinge um porte arbóreo.
 
O Vale Glaciário de Alforfa
 
 
Situado na projecção oposta do Vale Glaciário de Manteigas, este foi originado por um glaciar que atingiu os 5,5 Km de comprimento e se dissolveu a uma altitude de 800 m. A sua maior exposição solar em relação ao vale oposto justifica esta diferença de altitude no término do glaciar (120 m). No entanto, este é o vale onde melhor se podem observar os terraços de acumulação proglaciária, acumulações desordenadas de rochas e blocos de grandes dimensões localizados à frente das antigas línguas glaciárias.

            Os depósitos mais importantes situam-se a jusante da confluência do Vale da Estrela e do Vale de Alforfa, na junção da Ribeira das Cortes.

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